13 de dez. de 2011

Travessia de kite Maragogi a Paripueira

Finalmente, condições de tempo perfeitas para o downwind de Maragogi a Paripueira, vento nordeste forte, maré enchendo pela tarde, não tive dúvida, me mandei pra Maragogi, litoral norte e a 120 km de Maceió para iniciar a travessia que já vinha adiando há 1 ano, mas dessa vez não tinha como não dar certo.

Saí de Maceió por volta das 8 horas da manhã, e me preocupava o fato de que a maré seca estaria em seu ponto mais baixo às 10 horas, e eu só pensava na dificuldade em passar pelos arrecifes durante a descida, principalmente no trecho de São Bento e Japaratinga. Mas foi só chegar em Japaratinga e ver o marzão com a maré baixa mas com passagens entre a orla e os arrecifes, em todo o trecho de São Bento a Japaratinga, que o sorriso escancarou e a pressa de chegar em Maragogi aumentou.

Chegando em Maragogi o vento tava batendo uns 20 nós, e nas enseadas mais ao norte já havia alguns kiters no velejo, provavelmente de Recife. Preparei o equipamento na praia bem próximo do local onde ficam vários barcos ancorados e de onde partem algumas balsas para as piscinas naturais. Todo o equipamento consistia de um kite 9 waroo, uma prancha de regata, capacete, câmera gopro programada para fotos de 10 em 10 segundos, camel back com água, gps de pulso, colete, aquapac para celular, documentos e dinheiro, e mocassins de neoprene caso precisasse andar nos arrecifes.

Simone minha esposa, irmã Valquíria e amigos
 no suporte por terra.

Parti exatamente às 11:22 horas, com destino à primeira parada programada em São Miguel dos Milagres, 32 km à frente.




Saida de Maragogi

Como imaginei, a passagem por São Bento foi tranquila, pois havia canais entre os arrecifes e a praia, o que me permitiu velejar sem problemas.


Praia de São Bento

Já chegando em Japaratinga, tive mais dificuldade, pois houve alguns trechos em que tive de contornar os arrecifes por fora, mar aberto, mas nada preocupante pois sempre apareciam passagens que me permitiam voltar para os canais e até me aproximar da praia. Foi assim até as proximidades do rio de Porto de Pedras, onde o marzão batia mais forte pois os arrecifes mais próximos ficam submersos.

Chegando em Japaratinga


Cheguei em Porto de Pedras  pouco mais de 1 hora depois de partir de Maragogi, e ao entrar pela foz do rio vi que havia uma kitesurfer no velejo, e mais para dentro, na margem do rio, dois kiters inflando seus kites. Tentei me aproximar pra fazer um social, mas por pouco não derrubei o kite, o  vento perde a força em frente à cidade, que tem um morro alto por trás onde fica o farol. 


Kiter velejando em Porto de Pedra

Retornei com dificuldade para o mar, onde parei um pouco para descansar em uma croa antes de partir para São Miguel dos Milagres, 14 km abaixo.


Praia de Porto de Pedra,
saída do rio.
Segui então para São Miguel dos Milagres, maré estava mais cheia. Logo após Porto de Pedras há uma enseada que com o vento nordeste deve ser evitada, cruzando-a por fora, de ponta a ponta. Esta enseada fica protegida do vento nordeste, assim como nossa praia da Pajuçara em Maceió nas proximidades do Alagoinhas, qualquer vacilo o kite cai e então é uma longa caminhada até a próxima enseada ou retornando pra Porto de Pedras.

Com o auxílio do GPS cheguei no ponto desejado em São Miguel dos Milagres, às 13:24 horas. O local é perfeito para uma parada, há um barzinho simples onde servem almoço e bebida pra repor as energias, debaixo de umas amendoeiras. Infelizmente não havia ninguém pra me ajudar a descer o kite, a patroa atrasou com o carro na travessia de balsa de Japaratinga a Porto de Pedras, muita gente esperando.

O vento já devia estar batendo uns 25 nós, então preferi ficar sentado na beira da praia  com o kite no ar e tomando uns refrigerantes.  Abasteci o camel back de água, ajustei o GPS com as coordenadas de Paripueira e uns 20 minutos depois parti em direção a Barra de Camaragibe, 6 km de distância. 


Chegada em São Miguel dos Milagres.
Outro trecho tranquilo, praias desertas, passei pelo povoado de Marceneiro e logo depois cheguei em Barra de Camaragibe, onde também há um restaurante na curva esquerda da foz do rio, mas não consegui me aproximar porque a maré estava bem cheia e o vento ficava falho. Decidi partir de vez pra Paripueira, mais 14 km pela frente, isso já perto das 15 horas. Fiz uma paradinha básica no outro lado do rio, já do lado da praia do Morro, avisei à equipe de apoio por SMS que estava partindo, e me mandei.


Croa no rio Camaragibe, cidade
de Barra de Camaragibe ao fundo.


Ponta de areia na foz do rio Camaragibe. 
Praia do Morro logo à frente.

A enseada da praia do Morro também deve ser evitada com vento nordeste, cruzei ela por fora de ponta a ponta, tomando cuidado para não me aproximar por dentro do morro que divide a praia de Carro Quebrado da praia do Morro, ali é derrubar o kite na certa.  Uma pena, pois a praia é belíssima, queria ter curtido um velejo pela orla. 


Bela e deserta praia do Morro.
Segui em frente, cruzei o morro por fora e cheguei na enseada de Carro Quebrado, com suas falésias. Essa enseada foi a maior que cruzei até chegar no rio Santo Antônio, depois da Ilha da Croa e 8 km de distância de Paripueira. Maré bem cheia, o vento ainda mais forte, devia estar acima dos 25 nós. Continuei evitando as proximidades do morro, e mais à frente me aproximei das falésias em um ponto onde o vento soprava limpo já na orla, então fui curtindo as ondas até perto do rio Santo Antônio.


Chegando em Carro Quebrado.

Falésias de Carro Quebrado.

Chegando na Ilha da Croa, Barra de 
Santo Antônio. Falésias ao fundo.

Cheguei na foz do rio Santo Antônio, a essa altura a bateria da gopro já havia descarregado e não foram registradas fotos do trecho final. Descansei uns 10 minutos, e então segui para Paripueira, cruzando a enseada de Tabuba(outra que tem que ir de ponta a ponta, senão derruba o kite) e desci o kite em Paripueira por volta das 15:50. Com períodos de descanso, a travessia levou cerca de 4 horas e meia.

Esse foi o melhor velejo que já fiz em 8 anos de kite, condições perfeitas. Tudo correu bem, poucas foram as dificuldades. O que senti falta foi das barras energéticas, que no vacilo esqueci em casa, a fome bateu forte em alguns trechos.  E outra dificuldade que tive foi a de comunicação com o grupo de apoio, o sinal de celular fica fraco no trecho de Porto de Pedras até Barra de Camaragibe. Velejo solo é muito bom, mas é preciso lidar também com o fato de que pode não haver ninguém que te ajude a descer o kite na praia nas paradas programadas ou em algum caso de emergência, portanto o ideal é ter todo o equipamento de kite em boas condições, evitando linhas já com sinais de desgaste, principalmente as do bordo de ataque, kite com bexigas em bom estado, chicken-loop e cabo de spectra novos e sem desgaste, etc. De preferência uma barra nova, completa, só para downwind longos, isso já vou providenciar.


Já estou me preparando para o próximo downwind, dessa vez será da praia do Gunga em Barra de São Miguel até a praia do Peba, litoral sul, cerca de 90 km. Espero dessa vez contar com a companhia de amigos, ou será outro velejo solo!

André Soares





6 comentários:

  1. André, animal o seu downwind.. Show mesmo.. Achei o seu blog pesquisando pelo nome Paripueira e Kitesurf.. Sou de Santa Catarina e vou para lá passar 7 dias no final do ano.. Estou levando dois kites, um de 9 e outro de 11 metros e duas pranchas, uma 132 e outra 136. Tenho acompanhado as previsões e sempre consta entre 11 e 14 knos, o que é bom para o de 11 metros mas nao me faria molhar o de 9... Gostaria de saber de ti alguma dica, se realmente vale a pena levar os 2 kites e duas pranchas ou se vou acabar nem usando o kite e prancha pequenos.. Vou estar com um carro alugado porem minha familia vai junto, entao nao vou dispor dele so pra mim.. Você tem alguma dica de outras praias ao redor que eu tambem possa velajar? Minha ideia é velejar todos os 7 dias.. Obrigado.

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  2. Olá, Nelio. Traz só o kite grande e prancha grande. Se vem pra Paripueira, tá pertinho, e só não vai velejar se o vento nordeste tiver batendo muito forte.

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  3. Andre vc me inspirou a buscar meu próximo caiaque. Allan

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  4. Valeu Alan, assim que puder compra um oceânico. Aquele rapaz, o Hilário já tá providenciando o dele, então seremos 3, por enquanto, cruzando os mares alagoanos.
    Abraço

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  5. tem um grupo chamado caiaque oceanico no face, mas faz um ano que eu pedi pra add e nada, e ja que vc me achou mais facil no face clica pra me add porque não consigo achar o seu

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  6. Olá andré, Estou indo pra maragogi neste carnaval e vou ficar até domingo. gostaria de uma dica, tenho um kite de 12 e uma prancha 139, dá pra velejar de boa em maragogi ???

    Abraço e td de bom !!!

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